quinta-feira, 27 de agosto de 2009

O mundo às suas mãos, o nada à sua volta...

Sabe quando você está falando com uma pessoa e percebe que ela não está ali? Está pensando em mil outras coisas, olhando para todos os lados, mexendo no cabelo... Ou seja, ela está presente fisicamente, mas, espiritualmente, está longe, bem longe... Por mais que esteja super interessada e entretida com sua companhia e no que você está dizendo, é puxada, por uma força muito maior, para algum lugar distante dali.

Normalmente, quando isso acontece, você tem que pegar a pessoa pelos braços e sacudí-la (funciona, vai por mim...), para que ela volte para onde estava. Caso contrário, você estará falando sozinho, pois a pessoa não está te ouvindo, ou, se está, em cinco minutos, não lembrará nada do que lhe foi dito.

Pois bem, o mundo digital arrumou um jeito de tangibilizar, oficializar, escrachar e, principalmente, agravar esta situação. Como?!?! Com a infeliz invenção do Smartphone.

Já convivemos há alguns anos com esse milagre tecnológico, que traz o mundo a nossas mãos e nos tira, totalmente, da realidade à nossa volta, fazendo com que vivamos duas vidas, em paralelo, mas ao mesmo tempo; causando-nos o famoso efeito pato: fazemos tudo ao mesmo tempo e nada direito!

Outro dia, recebi pelo twitter uma mensagem, de um conhecido, que estava em aula, acompanhando o jogo do seu time, lendo notícias sobre a bolsa, respondendo e-mails, escrevendo mensagens no twitter, entre outras coisas que não deu para pescar, somente com seu comentário (140 caracteres é brabo! Hoje em dia, se regula miséria, até, em letras digitadas, pô!)

Gente, ele estava em aula!!! Coincidência ou não, a palavra aula é a menor e mais apática dentre as citadas na descrição do que o rapaz fazia, naquele momento. E afirmo, categoricamente, que era a atividade que menos o envolvia, também.

Pela manhã, vou ao trabalho com meu pai, de carro. Eu dirijo e ele vai no carona. Vamos conversando, escutando rádio, mas, de repente, falo e não ouço resposta, comentário, nada... O silêncio impera e, logicamente, ele não está mais ao meu lado... Foi para o incrível mundo do Smartphone! Vai com o telefone pra São Paulo, Londres, Austrália, Japão... Até para o Fluminense, aquela porcaria de time, ele vai! Mas, aproveitar um dos raríssimos momentos pai-e-filho, do dia, que tenho com ele... Já era! Puft! Acabou! Passou! Chegamos no prédio...

Beleza, ok, passou... Vamos almoçar! Mesa grande, galera da empresa reunida e duas infelizes almas mexendo em seus brinquedinhos do capeta, um em cada canto da mesa. O papo rolando na mesa, pessoal já pediu bebida, entradas, pratos principais e os dois lá, entretidos com o mundinho paralelo deles... Daí, começo a perceber que há uma sincronia na risada e me intrigo. Cara, os desgraçados estavam se falando, pela mensagem instantênea do celular! Dá pra acreditar?! Qual é o sentido disso, meu Deus? Se eles, pelo menos, estivessem tendo um caso (será que tavam?), ok! Mas não! Era o tsunami da virtualidade, invocando-os para se distanciarem do abominável convívio humano.

Essa desgraça de aparelho, certamente, vem com discagem rápida para o Diabo!

Além de tudo, tenho certeza que isso tira tempo de vida. Se tivéssemos um contador de tempo da vida real, tipo um velocímetro, quando estivéssemos mexendo no celular, iria para bandeira dois, fato!

Agora, eu tenho que admitir, já tive um troço desses... E foi a pior coisa que já aconteceu comigo, em matéria telefônica. Quando fui comprar e, diga-se de passagem, foi o aparelho mais caro que já tive, logicamente, o rapazinho que me vendeu, disse que o aparelho fazia de um tudo. Vinha com GPS, internet, pacote Office, câmera com zoom ótico, entre milhares de outras coisas... Até brincou comigo: “O despertador, até, te acorda fazendo carinho! Ahahaha...” (Imbecil!). Comprei, né?!?! Qualquer um compraria...

Eu acho que aquelas câmeras (que filma o homem pisando na lua, do banheiro de sua casa, mesmo que não tenha janela), com certeza, estão conectadas a um grupo de psicólogos, que está selecionando o casting do próximo BBB. Por isso, só entra doente mental, naquela casa!

Quando comecei a usar... Aí, sim, você descobre a verdadeira utilidade dele. Aquilo, na verdade, é feito para testar sua paciência, seus nervos, sua sanidade. O desgraçado do telefone não baixava os e-mails do meu webmail, não entrava na maioria dos sites que queria acessar, a bateria não durava nem um dia e, pior de tudo, de vez em quando, dava uns problemas no sistema, que travavam o telefone e não me deixavam ligar! Ou seja, o grandioso e pomposo “Smart” atrapalhava o simpático e humilde “Phone”.

Deus, eu comprei um telefone e não o cinto de utilidades do Batman. Eu só queria ligar, porra!!! Mas não foi bem assim... E, com 1 mês de uso, aposentei aquela joça e comprei um de R$10,00. Uma maravilha!!!

Não que eu tenha alguma coisa contra o Smartphone, só não desejo isso, nem pro meu pior inimigo!

2 comentários:

  1. Lendo seu texto, me veio a imagem do inspetor buginganga. Esses aparelhinhos viraram o próprio. Mil utilidades inúteis em um só!
    Temos que aprender a lidar com essa realidade.
    Parabéns pelo texto.
    Beijos
    Kelly

    ResponderExcluir
  2. Concordo com tudo....mas não largo o meu por nada!!!

    ResponderExcluir