terça-feira, 26 de outubro de 2010

Deus morreu. E aí?

Sempre escutei de pessoas religiosas uma explicação simples, direta e quase que incontestável para sustentar a hipótese da existência de Deus. Funciona mais ou menos assim: em meio a uma discussão sobre o tema, a pessoa pára, olha pra você e diz: Amigo, observe a sua volta, você acha que toda esta perfeição surgiu de uma explosão, do caos, da desordem total? Claro que existe ”alguém” que planejou, arquitetou e construiu isso tudo!

Na primeira vez que ouvi esta resposta, ainda me dei o trabalho de parar e pensar: Será? Mas, o que sempre me intrigou nesta explicação boçal (se é que se pode definir isso como uma) é que pensando sobre esta ótica, se antes de tudo isso existir, havia “alguém” tão poderoso, inteligente e meticuloso para criar tal obra, quem foi que ensinou ao Senhor (e olha que, na época, ele ainda devia de ser um Rapaz) todo este saber e lhe concedeu todo este poder?

A partir disso, eu só acreditaria em Deus, se este Deus tivesse outro Deus e assim sucessivamente. Mas, como não acredito em um único Deus, não tem como entrar nessa viagem de infinitos, né? Pois bem...

Nas últimas décadas, 9 em cada 10 conflitos no mundo tiveram motivações religiosas; ao longo de toda história, as maiores guerras, perseguições e massacres tiveram ligações com religiões ou crenças. E, agora, só nos faltava essa, o assunto está sendo fator fundamental para a definição do futuro presidente do Brasil. Segundo analistas políticos, nossas eleições só não se definiram no primeiro turno por causa das opiniões dos candidatos sobre temas como aborto e outras questões relacionadas à religião.

Todos sabemos que não há esforços nem interesses em se investir em educação, para que a população se mantenha como uma grande massa ignorante, de fácil manipulação dos políticos; mas, em pleno séc. XXI, fiéis (e infiéis) continuarem guiando suas vidas e decidindo seus destinos pela causa religiosa é patético, ultrapassado, vergonhoso e burro. Digo burro, pois errar é humano, repetir o erro...

Portanto, eu gostaria de propor a morte de Deus! E pode pôr a culpa em mim!

Já é hora de cometermos uma atrocidade com a “Entidade”, colocando a culpa em um Homem e pararmos de cometer atrocidades com o Homem, colocando a culpa na “Entidade”. Isso seria a atitude mais religiosa e louvável que um fiel poderia fazer, afinal a vida é o nosso bem mais valioso, de acordo com as próprias religiões...

Religiões, estas, que avançaram, cresceram e se desenvolveram ao longo de séculos. Mas, para quê? Será que não podemos dar uma parada e ficar com o que há de bom nelas (história, valores, tradições, etc.) e largar de mão as “verdades absolutas” ditas por Deus(es)? Talvez, assim, temas como o aborto, a eutanásia, a pena de morte, etc., seriam discutidos e explorados de uma forma mais ampla e consciente e deixarão de ser trazidos à tona apenas quando bem interessar a políticos e a líderes religiosos, para que seu rebanho se vire contra ou a favor de uma ou de outra pessoa, causa ou instituição.

Portanto, não sei quem foi o criador do Criador, mas se eu encontrar na rua o inventor de toda esta historinha, ahhh, coitado do bacana... Eu tenho certeza que este desgraçado não sabia a quais proporções chegaria sua brincadeirinha de Pedro e o Lobo.



(Se gostou do post, clique aí!!!)